segunda-feira, 28 de abril de 2014

Treinamento Funcional

    Assim como disse Chacrinha sobre a televisão, podemos dizer o mesmo em se tratando de atividade física e treinamento nos últimos anos: nada se cria, tudo se copia. Na minha modesta opinião a última novidade na área do treinamento desportivo chama-se Core Training, o resto quase sempre é apenas uma remodelagem, adaptação de conceitos ou simplesmente uma nomenclatura nova. Essa tendência se acentua por ser o público consumidor leigo em sua maioria e também porque muitos profissionais parecem interessados em que assim se mantenha.
     Seguindo essa linha, chegamos a uma das modas atuais nas academias, clubes e demais espaços destinados à pratica de atividades físicas orientadas: Treinamento Funcional. O conceito, assim como a descrição da palavra, são de simples entendimento. Qualquer coisa funcional deve ou deveria ser algo destinado a realizar ou proporcionar a realização de determinada função. Evidente! Quando surgiu a ideia de realizar um trabalho físico funcional o foco era a população idosa que, à medida que envelhecia, deixava de conseguir fazer suas AVD´s (atividades da vida diária). Com o tempo, o termo ganhou abrangência e passou a ser desenvolvido para outras populações, como atletas, por exemplo. E aí entra a frase do saudoso Velho Guerreiro. O treinamento funcional no esporte nada mais é do que a aplicação de um dos mais antigos princípios do treinamento desportivo: a especificidade. Busca-se dissecar os gestos de cada modalidade para que se proponham educativos e exercícios objetivando a excelência técnica e física do atleta.
      Saindo dos extremos que citei, idosos e atletas, chegamos ao resto da população que constitui o outro grande mercado consumidor do produto atividade física. Neste grupo não há uma função prioritária definida, portanto o conceito de treinamento funcional começa a se tornar difuso exatamente nesse ponto. O idoso busca realizar suas AVD´s e consequentemente ter qualidade de vida. O atleta busca perfeição na execução técnica e no rendimento esportivo. E os resto? Emagrecimento, hipertrofia, tônus muscular. Como se transforma isso em função? 
     Chegamos ao ponto então. O que se passou a oferecer foi um treino em circuito com estímulos variados dentro do modelo de aula de ginástica. Continua sendo uma atividade física? Sim, claro. É funcional? Depende! É um treinamento em circuito. Possui um forte componente lúdico que gera motivação e que, dependendo das variáveis do estímulo, pode alcançar os mais diversos objetivos. Condicionamento aeróbio, anaeróbio, RML. Enfim, o que vai determinar se é funcional ou não é o que o profissional que elaborou o programa propôs, e se o treino de fato alcança tal meta.
     O outro ponto sobre a proliferação desses circuitos aleatoriamente é a segurança. O movimento que se aproxima de um gesto esportivo tende a ser feito em planos, velocidades e acelerações variadas. Isto aumenta o risco de lesão mesmo em atletas, que dirá em pessoas "comuns".
     Qualquer iniciativa que busque massificar a prática de atividades físicas deve ser incentivada, contudo a orientação adequada é tão importante quanto o combate ao sedentarismo.
     

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