segunda-feira, 12 de maio de 2014

Cãibra: mitos e fatos


Objeto de inúmeros estudos e observações há mais de um século, a cãibra ainda é um dos "buracos negros" da fisiologia de exercício e da medicina esportiva. E, talvez por isso, abre espaço para opiniões e afirmações pouco confiáveis pelo senso comum e mesmo por profissionais do esporte. Vamos aos mitos, fatos e questões ainda sem resposta.
    Há diversas teorias acerca das causas da ocorrência de cãibras, contudo destacam-se duas: a abordagem dos processos de fadiga do SNC (sistema nervoso central) e a as alterações hidro-eletrolíticas. Embora ambas indiquem caminhos que elucidem as dúvidas, poucas certezas foram extraídas dos estudos ao longo dos anos. Tais evidências servem tanto para afirmar o que é fato quanto para apontar lendas.
    A associação mais frequente no senso comum é a que se faz entre cãibra e ingestão de potássio, normalmente indicando-se comer bananas. Contudo, estudos recentes demonstram que a única perda de eletrólito significativa pelo suor durante atividades físicas é a de sódio, excluindo a ideia de que seja necessária a suplementação de outros sais minerais como potássio, magnésio e cálcio. Entretanto, não basta apenas suar em abundância. O indivíduo precisa ter um alto índice de eliminação de sódio pelo suor, indicando a relativização deste referencial. Sugere-se a ingestão de líquidos com predominância de sódio, e não apenas água, antes e durante a prática esportiva. Mas um profissional da área deve dosar a concentração, tendo em vista que o excesso de sódio também pode desencadear episódios de cãibra.
   A fadiga muscular também é relacionada à presença de cãibra e alguns resultados parecem apontar para a consistência de tal assertiva. Porém, mais uma vez a individualidade biológica parece intervir, uma vez que muitos atletas testados não apresentaram cãibras mesmo após alcançarem estado de fadiga. A falha motora que seria responsável pela cãibra teria origem na fadiga do SNC, mas a influência do estresse é nítida e torna ainda mais imprevisível e imensurável a exatidão das causas. 
    Outros afirmações têm se consolidado como mito. Uma delas é que a ausência de alongamento prévio causaria cãibra. Como já foi postado aqui antes, deve-se distinguir alongamento de flexibilidade, sendo esta uma habilidade motora essencial a todo praticante de atividades físicas regulares e que deve ser estimulada de forma isolada das outras.
    Portanto, o que se pode afirmar sobre a cãibra é que nutrição adequada, ambientação ao local da prática esportiva, reposição hidro-eletrolítica correta e condicionamento físico ideal tendem a reduzir sua ocorrência. Excetuando-se, naturalmente, casos de patologias clínicas.

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